Risco de suicídio cai com o tratamento com opioides na problemática Escócia

Paracelsus

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Um novo estudo em larga escala realizado na Escócia oferece insights cruciais sobre os riscos de suicídio associados à dependência de opioides e destaca o potencial de salvar vidas da terapia com agonistas opioides (OAT). Entre 2011 e 2020, os pesquisadores analisaram dados de mais de 46.000 indivíduos que receberam pelo menos uma prescrição de tratamento à base de metadona ou buprenorfina. Suas descobertas indicam que as pessoas que tomam OAT têm taxas de suicídio significativamente menores, ressaltando a importância do acesso contínuo ao tratamento em meio à crescente crise de mortes relacionadas a drogas na Escócia.

Conduzido por uma equipe liderada por Rosalyn Fraser e Andrew McAuley da Glasgow Caledonian University, o estudo constatou que as taxas de suicídio em pessoas com dependência de opioides permanecem sete vezes mais altas do que na população em geral. No entanto, o tratamento fez uma diferença notável: os indivíduos que estavam recebendo OAT ativamente tinham três vezes menos probabilidade de morrer por suicídio do que aqueles que haviam interrompido o tratamento. Notavelmente, esse efeito protetor persistiu apesar do aumento das mortes relacionadas a drogas no mesmo período.

A pesquisa ganha importância adicional devido ao agravamento da crise das drogas na Escócia. As mortes relacionadas a drogas no país mais que dobraram na última década, com a nação registrando algumas das taxas mais altas de mortes por opioides em todo o mundo. No entanto, o estudo observou que, enquanto as mortes relacionadas às drogas aumentaram, as taxas de suicídio entre os usuários de opioides em OAT diminuíram constantemente. Isso sugere que os programas de tratamento não apenas reduzem os riscos de overdose, mas também desempenham um papel fundamental nos resultados de saúde mental.

O OAT, que normalmente envolve medicamentos como metadona ou buprenorfina, é reconhecido pela Organização Mundial da Saúde como uma intervenção essencial para a dependência de opioides. O tratamento estabiliza os indivíduos ao reduzir os sintomas de abstinência e diminuir os desejos, o que, de acordo com os pesquisadores, pode reduzir o sofrimento psicológico e promover uma sensação de estabilidade. Além disso, o envolvimento com programas de OAT oferece às pessoas uma porta de entrada para outros serviços de apoio essenciais, como cuidados com a saúde mental e intervenções de redução de danos.

No total, 575 mortes na coorte foram identificadas como suicídios, representando 1,2% da população do estudo. As taxas de suicídio foram especialmente elevadas durante os períodos em que os indivíduos não estavam em OAT, chegando a 3,98 por 1.000 pessoas-ano. Em comparação, a taxa foi significativamente menor, de 1,14 por 1.000 pessoas-ano, entre aqueles que estavam recebendo ativamente o OAT. Essas tendências permaneceram consistentes mesmo após o controle de fatores como *****o, idade e condições de saúde mental preexistentes.

É interessante notar que o estudo também documentou um declínio nas taxas de suicídio ao longo do tempo, com as taxas brutas de mortalidade por suicídio caindo de 2,57 por 1.000 pessoas-ano em 2011-12 para 1,48 por 1.000 pessoas-ano em 2019-20. Essa redução contrasta com o aumento das mortes relacionadas a drogas, indicando que a OAT pode servir como uma intervenção crítica para reduzir as mortes relacionadas à saúde mental, mesmo com o agravamento da epidemia de drogas.

O detalhamento demográfico revela que dois terços dos participantes eram do *****o masculino e quase metade tinha menos de 35 anos no início do estudo. A grande maioria da coorte veio das áreas mais carentes socioeconomicamente da Escócia, o que se alinha com o entendimento mais amplo de que a carência é um dos principais impulsionadores do uso de substâncias e do suicídio.

Apesar do impacto positivo da OAT, os autores do estudo alertam para o fato de que ainda existem barreiras ao tratamento. A interrupção da terapia - seja por motivos pessoais, sistêmicos ou econômicos - deixa os indivíduos vulneráveis. Estudos anteriores documentaram que as primeiras semanas após a interrupção da OAT são particularmente perigosas, com os riscos de suicídio e overdose atingindo o pico durante esse período. As descobertas enfatizam a necessidade de apoio contínuo para garantir que os indivíduos permaneçam envolvidos com o tratamento.

Os pesquisadores reconhecem algumas limitações em seu trabalho, como possíveis imprecisões na classificação de suicídios e os desafios de medir com precisão a adesão ao tratamento. No entanto, eles enfatizam que a evidência geral apoia fortemente o papel da OAT na redução do risco de suicídio.

As conclusões do estudo oferecem lições importantes para os formuladores de políticas. À medida que a Escócia enfrenta uma emergência de saúde pública alimentada por mortes por opioides, será fundamental ampliar os programas de OAT e enfrentar as barreiras que desestimulam o envolvimento sustentado. Além disso, são necessários esforços direcionados de prevenção de suicídio para indivíduos com dependência de opioides, especialmente aqueles com histórico de automutilação ou doença mental.

Essa pesquisa é um poderoso lembrete de que a terapia com opioides-agonistas é mais do que apenas uma ferramenta para evitar overdoses - ela também serve como uma tábua de salvação para as pessoas em risco de suicídio. Como as mortes relacionadas a drogas continuam a aumentar, garantir o acesso à OAT e a outros serviços de apoio continuará sendo uma estratégia fundamental para proteger vidas e o bem-estar mental na Escócia e em outros países.

Para acessar o estudo completo, acesse este link: https://doi.org/10.1111/add.16680 (clearnet).

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